terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Aula 6. Gênero e Sociedade - Profa. Brigitte Ursula Stach Haertel

São paulo, 20 de novembro de 2010

As questões de gênero, assim como o amor, como o casamento, são criações, invenções da sociedade. Sendo assim, nada mais pertinente do que acompanhar como se inicia ou se manifesta a compreensão dos papeis sociais, tradicionalmente atribuídos às diferentes categorias de sexo, logo no começo da vida humana, na infância e na juventude.
Para isso, Haertel pesquisou nas camadas populares urbanas, especificamente em quatro escolas públicas e em duas particulares, o comportamento já previsível de cidadãos em formação num país de cultura arraigadamente patriarcalista, no qual apesar das mudanças já observadas e avanços no que se refere à desnaturalização das "discriminações praticadas contra os elementos femininos" (SAFFIOTI,1987, p.15), por exemplo, nota-se a postergação no trato diferenciado dado às meninas e meninos. Meninas, em geral, ainda são educadas de maneira a se tornarem delicadas e frágeis, enquanto a maior parte dos meninos é habituada à prática de ações que projetará e caracterizará a "vida de homem" (SAFFIOTI,1987, p.14). Entretanto, como menciona Simone Beauvoir (apud SAFFIOTI,1987, p.10): "ninguém nasce mulher; torna-se mulher". Da mesma maneira ocorre com os homens, como bem explica Saffioti (1987, p.10): "Rigorosamente os seres humanos nascem machos ou fêmeas. É através da educação que recebem que se tornam homens e mulheres. A identidade social é, portanto, socialmente construída.".
Um exemplo prático de como a educação nacional se manifesta de forma machista é o próprio mecanismo pela qual ela é transmitida: a gramática portuguesa. Habituou-se a se referir a ambos os sexos por "alunos", "homens", "cidadãos", substantivos masculinos que representam senão discriminações como já citado, o "poder do macho" consolidado, ainda que inconscientemente.
A partir da preocupação em entender o processo pelo qual se dá a relação de gênero na realidade social, discuti-lo como o fez Haertel e, também, Saffioti em seu brilhante estudo resultante de 25 anos de pesquisas registrado em "O poder do macho"; bem como a partir da observação atenta do quão iníqua se mostra a sociedade e seus valores dominantes, seja por meio de filmes, músicas, novelas, ação cotidiana, etc, é que se pode despertar a consciência de jovens, especialmente,  para a elaboração de um novo caminho, como sugere Saffioti (1987, p.7):


 (…) conducente a uma sociedade menos injusta, menos castradora. Embora este caminho possa não ser o melhor, nem mesmo o único, para a construção de relações igualitárias de gênero, isto é, entre homens e mulheres, sem dúvida é muito superior aos modelos que gerações sucessivas vêm repetindo ao longo da história. Desta sorte, a sugestão do caminho está feita. A maneira de trilhá-lo constituirá tarefa de cada um.  


Referência Bibliográfica:

SAFFIOTI, Heleieth I.B. O poder do Macho. São Paulo: Moderna, 1987.

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